12 de março de 2010

Eu e as minhas marcas

Sou cheia de marcas e tenho o hábito de classificar minhas marcas como visíveis e invisíveis.

As visíveis me lembram sempre das coisas ruins e às vezes até algumas boas lembranças vem delas, como a cicatriz na perna que lembra meu primeiro tombo de bicicleta, que também lembra também da sensação incrível de liberdade que senti nas minhas primeiras pedaladas.

Tem as cicatrizes de catapora, que lembram minha mãe brigando comigo pra que eu não coçasse tanto e me avisando que elas deixariam marcas pelo meu corpo para sempre.

Tem a cicatriz da cesariana, que mostra o marco mais importante da minha vida que foi ser mãe e sei quantas mulheres por esse mundo que dariam tudo pra ter uma marca como essa e infelizmente, não a tem. Não que eu faça apologia ao parto assistido, claro que não, inclusive era louca pra ter um parto natural, mas não foi possível. Só digo isso por me sentir privilegiada por Deus pelo dom de gerar.

Tem também uma marca no tornozelo que me lembra um acidente terrível com uma cadeira de plástico, que me lembra a dor imensa que senti e os dias que fiquei de "molho" por conta disso, mas que me alerta todo tempo pra passar longe desse tipo de armadilha.

E por aí vai...

E aí vêm as invisíveis... aquelas que, às vezes, só nós conhecemos.

Como o meu primeiro beijo, o primeiro sorriso da minha filha, o medo que senti no meu primeiro dia na escola vendo meu pai ir embora e me deixando ali sozinha, a primeira decepção amorosa.

Os sustos que levei nessa vida, as mágoas. O sentimento de poder e o de impotência. A alegria de um amor correspondido, bem como a dor da separação e da distância.

As marcas do amor imenso que sinto pela minha família, dos momentos maravilhosos que passamos juntos e os nem tão bons assim, além do sentimento de que por eles sou capaz de matar e morrer, sem medo.

Acredito que somos feitos de marcas, como se fossemos livros em branco esperando pra serem escritos pela vida. As visíveis todo mundo vai ver ou, quem sabe, podemos disfarçá-las de algum modo para que ninguém as perceba. Já as invisíveis, talvez as compartilhemos com alguém ou as manteremos só pra nós, mas todas elas serão a impressão do que fomos ou seremos nesse mundo.

2 comentários:

BoBo disse...
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Anônimo disse...
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